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Será que precisamos de tudo o que nos anunciam?

Foto do escritor: Vanessa MeirellesVanessa Meirelles

E o domingo dos pais chegou – e se foi! E com ele também se foi a euforia que antecede esses feriados - alegria paga em parcelas a perder de vista. Tudo agora se amontoa na rua, nas lixeiras abarrotadas nas calçadas.


O que no Brasil começou com a ideia do publicitário Sylvio Bhering, atualmente é mais um dos momentos em que os produtos representam os desejos e sensações que queremos experimentar: prosperidade, juventude, sofisticação! No meio do êxtase comercial, encontrei no domingo de manhã, alguns consumidores de última hora, frente às prateleiras já quase vazias. Alguns se perguntavam da real necessidade de tudo aquilo, talvez movidos pela frustração frente às parcas opções... Era possível ver - e escutar - uma mãe, com seus filhos, explicando que as meias e cuecas deixariam papai tão feliz quanto o aspirador de pó robot, esgotado no mercado há uma semana. O mais velho, aparentando 17 anos, virava os olhos como que em protesto às palavras da mãe. Os dois mais novos escolhiam as cores do papel de presente.


Inevitavelmente, nas filas do caixa, era possível acompanhar os olhos das crianças, comparando o tamanho de suas compras com os das outras pessoas: era a constatação física da diversidade do poder de compra, o momento em que era possível ver que aquilo que podemos era menos, era menor do que o que podiam os outros. O mais novo perguntou: mãe, por que é que eles estão comprando mais do que a gente?


Saia justa na fila do caixa, dentro de casa, tudo amplificado pela crise! A situação é corriqueira: nossos filhos comparam o que possuem com o que colegas mostram que tem, muitas vezes copiando o comportamento dos próprios pais, que também sofrem ao não possuírem o que outros adultos possuem.


Não é um assunto fácil mas as primeiras perguntas a fazermos para nós mesmos poderiam ser “será que precisamos de tudo o que nos anunciam? E o que nos move a querer o que queremos? Baseamos nossas escolhas somente no que queremos, em nossos desejos, ou conseguimos um equilíbrio entre querer e precisar?”


Lidar com desejos, vontades e necessidade não é tarefa fácil e equilibrar isso tudo quando se tem filhos e é necessário dar-se o exemplo ,complica ainda mais a equação. Porém…


Volto ao que sempre parece dar certo – complicou? Tá na hora do bate papo , do papo reto! Quando estas questões aparecem em casa os filhos já tem maturidade para conversar sobre os motivos por detrás de suas vontades ( e das nossas!?). Para mudar qualquer comportamento, principalmente o de querer tudo – ou quase tudo – o que os outros tem, é preciso olhar antes para o que está por detrás dessas vontades, aprender que entre querer, precisar e poder existe uma grande diferença e que no fundo, para sermos felizes, não precisamos da última versão do smartphone e nem do carro dos sonhos mostrado na TV a todo intervalo dos programas.


Os relacionamentos que estabelecemos com as pessoas são a chave da realização em nossas vidas e para entenderem isso, nossos filhos precisam de nós, de espaço para conversarem sobre o que sentem e sobre o que toda a família pensa sobre o assunto ter, querer e poder.


Pedir ajuda quando o assunto sai de controle e nossos filhos se transformam em modelos de consumo exagerados é a chave para a saúde que tanto buscamos. Lembrem porém que a conversa no dia a dia e em todo momento de consumo – do mercado ao presente para o papai– são sim um momento de aprendizado. Para eles, e para nós!


Dito isso... O próximo passo é contigo. Permita-se repensar suas escolhas, em família!


Vanessa Meirelles Psicopedagoga Pesquisadora da Identidade Humana Membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp 722

 
 
 

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