Não é de hoje que o debate em torno do uso do celular nas escolas é acirrado: uns são contra, outros a favor e muitos ainda gostariam de poder pensar, com mais calma, sobre o que afirmou o Ministro da Educação ao jornal Folha de São Paulo no dia 23 de setembro de 2024:
“Nós estamos trabalhando na elaboração de um projeto de lei porque, na nossa avaliação, uma ‘recomendação’ seria muito frágil. Nosso objetivo é oferecer às redes de ensino segurança jurídica para que possam implementar as ações que estudos internacionais já apontam como mais efetivas, no sentido do banimento total”
Na ausência do consenso a saída do governo federal avançou na direção do banimentos dos celulares: “ o projeto será analisado em breve, em caráter conclusivo, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, a proibição precisa ser aprovada pelos deputados e pelos senadores (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
Mas o que isso quer dizer, na prática, quando o assunto é a função social da escola e o desenvolvimento da capacidade de auto-regulação dos alunos?
Enquanto especialistas no assunto afirmam que o equipamento precisa ter uma função educacional para continuar sendo bem-vindo às salas de aula, as famílias, por sua vez, argumentam que é preciso ensinar aos jovens o bom uso do equipamento - muitos pais e mães revelam sua dificuldade de impor regras e limites a seus filhos.
Talvez esse seja mais um daqueles momentos em que as perguntas são mais valiosas do que as respostas - vamos a algumas elas?
O que pensa e diz seu filho (a) quando o assunto é o uso do celular na escola? Quais argumentos ele(a) é capaz de utilizar para defender seu próprio ponto de vista?
Quem decide por quanto tempo - e o momento - em que o celular é bem-vindo na sua rotina familiar? Os adultos? As crianças/jovens? A decisão é partilhada entre os membros da família? E quando não há consenso, quem tem a palavra final?
Por último e não menos importante…
Como oferecer apoio a quem sofre pela ausência do celular sob a perspectiva da saúde mental?
Co-construir o espaço para o fomento à autonomia de nossa juventude passa necessariamente por ouví-la, permitindo que todos se afastem das respostas vazias e do senso comum que, muitas vezes, na pressa por respostas rápidas e fáceis, nos faz a todos refém das receitas prontas, da palestra com a "dica, da vez" , roubando de cada um de nós a oportunidade para que, junto com os mais jovens, sejamos capazes de (re) aprender o que é "viver melhor ".
O primeiro e mais potente passo é descobrir o que deve ser enfrentado: ainda é tempo de aprender aí na sua casa?
Abraço
Vanessa Meirelles
Psicopedagoga Pesquisadora da Identidade Humana
Mestre em Psicologia Social pela PUC São Paulo
Membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp 722
Membro Titular da Associação Brasileira de Psicomotricidade - ABP 751
Imagem: Wavebreakmedia
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